A LARANJA EM BOQUIM
Tudo começou pelos idos de 1920, quando foram cultivados os primeiros plantios de laranjeiras "Baía". Naquela época, predominava na região o cultivo do algodão e a pecuária. Anos depois, em face dos preços estimulantes, a laranja começou a ser cultivada por diversos agricultores em plantios
consorciados com coqueiros e outras culturas.
Germiniano Fernandes da Fonseca foi um dos que abriu o caminho da citricultura. Trouxe da Bahia as primeiras mudas. Embora desacreditado àquela época, cultivou-as com amor, carinho e otimismo, e o sucesso foi uma conseqüência feliz.
Mas, o que realmente marcou a citricultura na região, foi o incremento recebido em decorrência dos trabalhos de assistência técnica prestada pela ANCAR-SE (atualmente EMATER--SE) em 1966, além do estímulo de agentes financeiros, fazendo com que o Estado aumentasse de 1740, para, 5.550 hectares sua área cultivada, liderando a cultura de citros no Nordeste.
Em 1971, a Superintendência da Agricultura e Produção (SUDAP), criou a Estação Experimental de Boquim, hoje o pólo de irradiação de toda a tecnologia gerada na região.
Atualmente, a área plantada com citros em Sergipe é estimada em 31 mil e trezentos hectares, com aproximadamente 9 milhões de árvores. Praticamente, toda citricultura encontra-se localizada na microrregião Litoral Sul e Agreste de Lagarto, que agrupam quatorze municípios, em quatro diferentes zonas. É na zona I que se localiza o município de Boquim, juntamente com o de Pedrinhas
e Riachão do Dantas.
As Zonas apresentam uma infra-estrutura de base satisfatória, com municípios interligados por rodovias em bom estado de conservação, distando em média 100 km da capital e com regular serviço de comunicação.
A área total da região é de 555.400 hectares, apropriados tanto para a agricultura, como para a pecuária. Na agricultura, destacam-se a citricultura, as culturas do fumo, da mandioca e do maracujá.
Considerando-se que atualmente há 31 mil hectares apenas ocupados com citricultura e que 55 mil hectares (10% do total da região), potencialmente podem ser utilizados nesta cultura, significa que a atividade poderá expandir-se muito.
Antes de 1971, um dos aspectos negativos na área de citricultura era a péssima qualidade da muda utilizada.
Com a colaboração da Estação Experimental de Boquim e a EMATER-SE, cumprindo determinações superiores, foram selecionados e treinados dezenas de "viveiristas" que receberam do Ministério da Agricultura credenciais e autorização exclusiva para produzirem mudas. As sementes (no caso
especialmente limão-cravo), os viveiristas as recebem da Estação Experimental de Boquim, bem como, no tempo hábil, as "borbulhas", que são entregues em embalagem especial de pó de serra molhada, podendo ficar tecnicamente conservadas, durante uma semana, enquanto Processa a enxertia.
A laranja-da-baía, foi inicialmente a preferida pelos citricultores sergipanos. Com sua expansão começaram a surgir os problemas de morte precoce por "gomose", além da concentração da oferta e conseqüente baixa nos preços. Esse desestímulo forçou os produtores a buscarem outras variedades de cultura cítrica, inclusive de época de maturação diferente e mais resistentes. Assim é que atualmente na região, 75% da laranja existente é da variedade pera, 20% de laranja-da-baía e o restante de outras variedades e de limões e tangerina.
A colheita é feita ainda de maneira empírica, retirando-se os frutos das árvores e jogando-os ao chão, para depois serem recolhidos e amontoados em local onde, normalmente, os caminhões de carga têm acesso. Esse sistema vem sendo paulatinamente modificado com a introdução de caixas plásticas que, no entanto, são utilizadas por pequeno número de agricultores.
O beneficiamento é hoje uma prática rotineira e constitui-se apenas em lavar e polir o fruto com parafina. Existem na região 15 (quinze) beneficiadoras que prestam serviço aos comerciantes da laranja.
Da produção de citros em sergipe, 80% (oiténta por cento) destina-se para outros Estados, principalmente Pemambuco, Ceará, Alagoas, Paraiba e Rio Grande do Norte. Mais ou menos 15% (quinze por cento) é destinada à indústria e o restante é consumido internamente.
Em 1977 foi instalada realmente a primeira indústria de suco de iaranja, na cidade de Estância (SE), com o nome de FRUTENE S.A., que ultimamente vem-se modernizando, com capacidade atual de processar 120 mil toneladas de laranja/ano. Em 1982 foram esmagadas cerca de 55 mil toneladas de laranja.
Outra indústria, a Frutos Tropicais S.A., que industrializava tomate, encontra-se reaparelhada para processar laranja, abacaxi e maracujá, com capacidade para 120 mil toneladas/ano.
A produção de laranja do Estado de Sergipe é superada apenas pelo Estado de São Paulo, que indusive produz frutos mais ácidos, cujo suco é preferido para exportação. A laranja sergipana tem inferior aparência; no entanto é mais doce e preferida para o consumo "in natura".
Os EUA são os maiores consumidores de suco de laranja brasileira.
A assistência técnica na região é feita pela Empresa de Assistência Técnica de Sergipe (EMATER-SE), que, no momento, tem como meta prioritária na região, a assistência ao público, ao pequeno produtor, através do POLONORDESTE, num trabalho desenvolvido mediante técnica grupal.
Quanto à assistência creditícia, pode-se afirmar que esta existe, com relativa facilidade, apenas no que se refere a operações de custeio de entressafra.
Os primeiros trabalhos de pesquisa na região, como já foi dito, surgiram em 1971, com a criação da Estação Experimental de Boquim, que se vem desenvolvendo, procurando acompanhar o progresso da citricultura sergipana.
A equipe é formada de 9 agrônomos e 5 técnicos agrícolas que executam atualmente 33 projetos de pesquisas. Dentre estes, 12 são de citros a cargo de 4 agrônomos com curso de mestrado e que trabalham com exclusividade nesta área.
Os recursos para a manutenção desses trabalhos são provenientes do governo do Estado e do programa POLONORDESTE.
A produçào de 1982 foi de 315 mil toneladas.
A comercializaçào é feita, através de intermediários e da industrias SUMO Industrial de Boquim e Marata Suco de Estância, que compram o produto até mesmo no pé. Neste processo, importante papel é desempenhado pelo "Mercado do Produtor de Boquim", informando diariamente os preços da laranja nas CEASAS das principais capitais.
Fonte de pesquisa: Museu Municial, Boquim.com / Deris Araujo - Ago/2007
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